Valium
Não se pode falar mal do futebol agora.
Para os adeptos seria uma verdadeira traição, pois as Quinas vão defender nada mais nada menos que a honra da Nação.
Para quem não gosta de futebol seria como disparar contra a Cruz Vermelha: demasiado fácil.
Pessoalmente gosto de futebol, até cheguei a escolher uma equipa portuguesa para a qual torcer; e, com certeza, irei assistir a muitos dos encontros do Mundial transmitidos pela televisão. Mas isso não significa automaticamente a hibernação da actividade cerebral. E por isso julgo que tudo aquilo que se está a passar atinge picos de idiotice abismal.
Hoje à noite a maioria dos telejornais dedicaram amplo espaço à chegada da Selecção à Alemanha. A pergunta é a seguinte: onde está a notícia? Dado que os Mundiais são disputados naquele país parece-me bastante normal o facto de lá ir.
A notícia, eventualmente, poderia ter sido a falta da chegada. Ou a viagem para outro lugar.
Sempre hoje, em directo, o treino dos nossos heróis. Note-se: não um jogo, mas mesmo o treino. E aqui já entro em confusão. Percebo (?) a identificação dos valores portugueses com os resultados da Selecção ao longo da próxima competição; percebo (?) que uma eventual vitória seria tão benéfica para o País; e percebo (desta vez sem dúvidas) o amor pelo jogo.
Mas não consigo entender qual o gozo em ver o vendedor de relógios treinar um rapaz ainda com as gotas de leite nos cantos da boca mas cujo dinheiro parece dar-lhe o direito de agredir os adversários em campo.
Que vamos fazer? Como definir esta capa de valium que está a cobrir Portugal? Ligamos para um sociólogo?
Não é preciso, pois a explicação está escrita em latim: “panem et circenses”. Com uma certa liberdade podemos traduzir com “barriga cheia e diversão”, uma óptima receita para que o povo não fique demasiado ocupado com os problemas reais do País. Os Romanos lá chegaram há 2.000 anos.
Para os adeptos seria uma verdadeira traição, pois as Quinas vão defender nada mais nada menos que a honra da Nação.
Para quem não gosta de futebol seria como disparar contra a Cruz Vermelha: demasiado fácil.
Pessoalmente gosto de futebol, até cheguei a escolher uma equipa portuguesa para a qual torcer; e, com certeza, irei assistir a muitos dos encontros do Mundial transmitidos pela televisão. Mas isso não significa automaticamente a hibernação da actividade cerebral. E por isso julgo que tudo aquilo que se está a passar atinge picos de idiotice abismal.
Hoje à noite a maioria dos telejornais dedicaram amplo espaço à chegada da Selecção à Alemanha. A pergunta é a seguinte: onde está a notícia? Dado que os Mundiais são disputados naquele país parece-me bastante normal o facto de lá ir.
A notícia, eventualmente, poderia ter sido a falta da chegada. Ou a viagem para outro lugar.
Sempre hoje, em directo, o treino dos nossos heróis. Note-se: não um jogo, mas mesmo o treino. E aqui já entro em confusão. Percebo (?) a identificação dos valores portugueses com os resultados da Selecção ao longo da próxima competição; percebo (?) que uma eventual vitória seria tão benéfica para o País; e percebo (desta vez sem dúvidas) o amor pelo jogo.
Mas não consigo entender qual o gozo em ver o vendedor de relógios treinar um rapaz ainda com as gotas de leite nos cantos da boca mas cujo dinheiro parece dar-lhe o direito de agredir os adversários em campo.
Que vamos fazer? Como definir esta capa de valium que está a cobrir Portugal? Ligamos para um sociólogo?
Não é preciso, pois a explicação está escrita em latim: “panem et circenses”. Com uma certa liberdade podemos traduzir com “barriga cheia e diversão”, uma óptima receita para que o povo não fique demasiado ocupado com os problemas reais do País. Os Romanos lá chegaram há 2.000 anos.
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