quarta-feira, junho 28, 2006

Turistas ignorantes


Começamos com uma critica e acabamos com uma sugestão.

A crítica.

Já foram a Óbidos? Eu tive a sorte de lá ter sido conduzido pela minha namorada. “Vamos a Óbidos, vais ver que gostas!”

Gostei? Claro que gostei. Óbidos é uma pequena jóia e depois da primeira vez voltei porque acho ser um óptimo exemplo de aldeia muito bem conservada, cuidada, com todas as características para atrair turistas.

Esta é a critica? Não, a critica é a seguinte.

Passados alguns tempos fui a Monsaraz, no Alentejo.

Gostei? Gostei mais do que de Óbidos. Porque, além da estrutura castelo-aldeia-cerca de muralha, até é mais rústica, mais verdadeira (sem nada contra Óbidos, seja dito). E agora, com o lago como moldura, ficou ainda mais encantadora.

Qual a diferença entre a primeira localidade e a segunda?

É simples: Óbidos está sempre cheia de turistas, em Monsaraz não está ninguém.

A seguir: quantas Monsaraz existem neste País? Quantas potenciais “jóias” inexploradas?

Na televisão é possível ver o spot que convida para que os Portugueses conheçam Portugal. Acho muito bem. Mas não seria bom, também, ter a mesma atitude no que diz respeito aos estrangeiros? Ao longo de toda a minha vida passada fora da terra Lusa nunca vi spot ou cartaz nenhum que explicasse o que um turista pode encontrar em Portugal. Mas lembro, por exemplo, da publicidade de Espanha nos meios públicos.
Para mim, como para milhões de estrangeiros, Portugal é a terra do Fado, do Figo, do Algarve e de Lisboa. Ponto final. Pouco, em alguns casos, para convencer um potencial turista a deslocar-se até este cantinho à beira do Oceano…

E isto é muito esquisito para um País que aposta fortemente no turismo.
No resto da Europa há pessoas que não são interessadas só nas praias do Algarve ou numa tasca onde se toca música triste. E que não sabem que Portugal pode oferecer muito mais do que isto.

Porque não fazer algo mais?

A sugestão.

Num antecedente post falei acerca da minha aventura para encontrar uma anta. Não acaso falei deste tipo de achado arqueológico, pois em Portugal há muitos destes monumentos que, simplesmente, “estão ali”. Ninguém os visita: os estrangeiros não sabem que existem, os portugueses também.

Porque, então, não começar a difundir na Europa que Portugal é também uma terra cheia de história? E uma historia que nos conta acerca dos albores da civilização (as antas), da época romana (Conímbriga, por exemplo), medieval, renascentista… Enfim: Um percurso histórico completo, como sempre desconhecido.
Um potencial totalmente inexplorado. Totalmente e inexplicavelmente.

Porque não oferecer percursos temáticos? Por exemplo: pacotes com visitas guiadas nas principais concentrações de monumentos do Paleolítico. Ou excursões com paragem nos sítios onde o estilo manuelino é melhor representado.

E além da história há mais: O Norte, por exemplo, com Porto (por acaso, a minha favorita em Portugal!), os passeios de barcos ao longo do Douro e a Serra do Gerês.

São, como sempre, poucos exemplos entre os muitos que seria possível fazer. Porque Portugal não é (para boa sorte) só praia e Lisboa.




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