sexta-feira, junho 02, 2006

Portugal pequeno?

Há alguns tempos encontrei um pequeno livro, publicado durante o regime salazarista, que outra coisa não era se não uma exaltação incondicionada do país: entre as várias citações, uma era inerente às dimensões da terra lusitana. Segundo o autor, Portugal não era um país pequeno, pois havia outros países muito menores, tal como o Luxemburgo, por exemplo.

Agora, é verdade que existem estados de dimensões mais reduzidas, mas não é por isso que podemos descrever Portugal como um país “grande”; o facto que me fez sorrir foi o pegar em quem está em condições “piores” para reforçar a confiança portuguesa, além do realçar o tamanho dum estado como medida para avaliar a sua importância.

Pouco tempo depois fiquei surpreendido ao falar com um familiar (português) e ao ouvir dizer que, afinal, Portugal não é um pais pobre, pois existem países muitos mais pobres: por exemplo o Bangladesh.
Mas a surpresa transformou-se em espanto quando ouvi o mesmo raciocínio feito por um comentador da televisão num programa dum canal nacional.

Passaram as décadas, passou o 25 de Abril, mas o estilo ficou na mesma: em Portugal é preciso recorrer a quem está pior para poder afirmar que, afinal, “nós estamos melhores que muitos outros”.

A coisa triste é que estas pessoas parecem não entender que, na medida em que os anos passaram, o tempo mudou, e hoje em dia Portugal não pode ficar no seu cantinho olhando com comiseração para o Terceiro Mundo.

Quer gostem ou não, hoje existe uma coisa chamada “União Europeia”, a quem Portugal pertence. E são os países desta União que devem ser tomados como referências. Não podemos fazer a corrida olhando para trás, mas para a frente, tentando alcançar os melhores, mergulhando no Mercado Único, e não mantendo só alguém atrás de nós.

O risco é de ficar a ser o Bangladesh do Velho Continente.
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