sábado, julho 29, 2006

Férias


Férias!
Boas férias e até Setembro!

sexta-feira, julho 14, 2006

O ovo e a galinha

Será melhor um ovo hoje ou uma galinha amanhã?
Resposta duma pessoa normal: a galinha amanhã.
Resposta dos sindicatos: a galinha hoje.

Segundo o último estudo da Eurostat, o salário mínimo português é o mais baixo das antiga EU a 15 membros. E, sabendo que também o salário médio não é grande coisa, seria lícito perguntar como é que, por exemplo, a General Motor da Azambuja vai fechar, como é que a Autoeuropa de Palmela tem que lutar para ficar aberta, como é que nos últimos dois anos dezenas de empresas fecharam as portas para sempre. Se o salário dos trabalhadores tem um peso assim pouco preponderante na economia das unidades produtivas, onde é que Portugal perde competitividade?

Estes os meus pensamentos.

Eis os pensamentos dos sindicatos (Público de hoje, secção “Economia”): “”Não há nenhuma razão económica para o salário mínimo nacional não ser aumentado” afirma o secretário geral da UGT.

Que o SMN seja coisa miserável é fora de questão, assim como o facto que deveria ser aumentado. Mas, em vez que cuidar da gripe, porque não tratar da pneumonia? Porque, por exemplo, não propôr planos, sensibilizar a opinião pública, movimentar trabalhadores para pôr um travão à hemorragia das empresas no País? Será melhor aumentar o SMN ou criar as condições para que um maior número de desempregados possam ter acesso a um vencimento, ainda que baixo?

A CGTP propôs há alguns meses elevar o SMN para 400 euros, segundo o exemplo espanhol. Não estamos a esquecer algo? Não será, por exemplo, que os nossos vizinhos ibéricos têm condições, ergo uma economia que funciona, para tomar estas medidas?

Triste confirmação



No post do dia 20 de Junho, em pleno mundial, estava a “queixar-me” pelo escasso número de incêndios que neste ano estavam a devastar o País. Conclui dizendo que, uma vez acabada a manifestação futebolística, os incêndios teriam voltado. Admito: não era preciso ser Nostradamus para fazer tamanha profecia.

Mas infelizmente a realidade ultrapassou as previsões: logo após o último apito os media começaram a tratar do assunto, com noticias cada vez mais trágicas. Não falamos dos 6 bombeiros mortos ao longo dos últimos dias e olhamos para a situação relatada nos diários de hoje: 800 hectares ardidos no distrito de Portalegre, incêndios perto das localidades de Alcácer do Sal, Vila Nova de Gaia, Seixal, Castelo Branco, Laceiras, Cagunça...

Duas as hipóteses:
1- ao longo do mundial não houve incêndios.
2- ao longo do mundial houve incêndios mas os media preferiram conceder mais espaço para a epopeia dos Imortais (ou Magníficos, ou Conquistadores, ou Heróis...).
Sinceramente acho qualquer das explicações pior que a outra.

terça-feira, julho 11, 2006

Nas caves do CDS

Num precedente post (13 de Junho) defendi o nuclear como uma boa opção para aliviar os problemas energéticos portugueses.

Agora, e infelizmente, o CDS-PP vem a confirmar a triste hipótese segundo a qual neste País é impossível encarar de forma séria o assunto. Vamos ver porquê.

O Diário de Notícias de hoje entrevista Pedro Sampaio Nunes, Vice-presidente deste partido formado, ao que parece, por peritos em tecnologias energéticas. “[...] há o Protocolo de Quioto, que é um desastre para Portugal. Vamos pagar um preço muito caro. Ou re-negociamos a quota ou avançamos para o nuclear”.

Portugal vai pagar um preço muito caro; o que não é explicado é que se trata do mesmo preço que os outros países já pagaram. E é por isso que Portugal é o País da União que mais CO2 deita no ar. Simplesmente, Portugal tem que fazer agora o que os outros já fizeram, isso é, aplicar medidas anti-poluição. Independentemente da questão nuclear.
O que o perito Sampaio Nunes esquece de dizer é que se os governos anteriores (em alguns dos quais estava presente também o CDS-PP) tivessem assumido medidas para reduzir as emissões, agora não seria preciso pensar em re-negociações que não irão resultar. Mas estes são pormenores, vamos em frente.

“Chernobyl é o pior que pode acontecer com uma central nuclear. Mas permitiu desenvolver toda uma série de procedimentos e práticas de segurança que permitem que nunca mais volte a acontecer.”
Ahe? Assim, enquanto exércitos de cientistas de todo o mundo estudam a melhor maneira para reduzir os riscos do nuclear, em Portugal o engenheiro Sampaio Nunes já resolveu o problema. Como? Não conhecemos os pormenores, mas podemos imaginar este subavaliado pesquisador fechado na cave da sede do seu partido enquanto experimenta e descobre medidas para que o nuclear seja totalmente controlado: “Um pouco de cortiça aqui, como isolador, uma ventoinha ali, perto do reactor, para arrefecer...” e pronto, eis a grande afirmação:
“O nuclear é uma energia completamente dominada”.

Agora não resta que esperar: quando o CDS-PP divulgar ao resto do mundo as suas descobertas, as crises energéticas ficarão para os livros de história. Sorte nossa ter vivido tamanha altura.

Mas o maligno jornalista não está ainda convencido e pergunta com a perfídia típica dos ignorantes: “Mas essa garantia pode ser dada?”
O físico Sampaio Nunes: “É uma garantia que eu dou.” Amen.

Resumindo: se estes são os defensores do nuclear, não resta que contactar a Duracell.

Post Scriptum: o CDS anunciou que continuará o ciclo de debates para terminar com umas jornadas sobre a política energética. Não sei porquê, mas não consigo afastar da minha mente a imagem do Patrick Monteiro de Barros...

sexta-feira, julho 07, 2006

R.I.P.


Já não há nada fácil. Nem com os mortos.

Olhamos o que acontece com o túmulo de D. Afonso Henriques: o coitado está a gozar do merecido descanso quando uma investigadora pensa que não seria mal uma visita. Não um check up, pois o facto de El Rey ter morrido está fora de questão; mas uma análise aos ossos, útil para melhorar os conhecimentos acerca dos hábitos dos tempos idos.

Uma boa ideia? Nem por isso.
A pobre investigadora pensa ter feito tudo da melhor forma: angariar fundos privados, encomendar equipamentos sofisticados, contactar especialistas, avisar as autoridades competentes.
Quando já o túmulo se encontra meio aberto, eis o golpe de cena: alguém, no Ippar (Instituto Português do Património Arquitectónico), esqueceu de avisar o Ministério da Cultura.
Agora vai ser aberto um inquérito para apurar as responsabilidades. Quem não avisou o Ministério?

Resposta: isso não interessa, ao não ser de forma marginal. É normal que a burocracia seja um travão, é normal neste País. E um inquérito não vai resolver o problema, caso consiga resolver algo.

A pergunta é outra: as operações para a abertura da tumba não foram feitas às escondidas, era só pegar num qualquer diário que não fosse “A Bola” para estar a par dos acontecimentos. Porém o Ministério não se mexeu, o que me deixa (moderadamente) surpreendido.

O Público de hoje: “A ministra da Cultura […] só soube ontem de manhã que o túmulo do primeiro rei de Portugal ia ser aberto pela primeira vez em mais de 170 anos.”
Só ontem? Em cima de qual árvore vive a ministra?
Então, já que alguém foi acordá-la, que tal um fax? Ou uma e-mail, um telegrama? Vista a incompetência do Ippar, porque a ministra não enviou duas linhas imediatas para autorizar a abertura?

Nem por isso. A burocracia tem as suas regras, tal como uma cerimónia, e as regras são feitas para ser respeitadas: começamos com um inquérito, depois vamos ver.
E El Rey? Agora não vai ser possível reconstruir digitalmente o seu rosto. O que se calhar é melhor: imaginem só a expressão de desgosto…

quinta-feira, julho 06, 2006

FairPlay


Mesmo que Portugal não consiga chegar em terceiro lugar, a aventura no Mundial foi extremamente positiva para a equipa Lusa. Vimos bons jogos, atletas inspirados, adeptos envolvidos. Pena que o seleccionador transmita uma imagem muito triste do futebol português.

Não estão em causa as escolhas técnicas, mas a atitude demonstrada após o jogo com a França.
Uma pessoa que quando fala sabe ser ouvida por milhões de pessoas deveria ter um mínimo de responsabilidade (que, lembramos, é filha da inteligência). Agora, qual é a mensagem transmitida por mister Scolari?

“Portugal era o patinho feio deste Mundial”.
Ao que parece a estadia em terra Lusa ensinou algo ao mister, pois eis um dos leit-motiv tipicamente portugueses: afinal era uma cabala, todos contra Portugal, a lutar contra o resto do mundo que, não se percebe bem por qual razão, odeia esta terra…

“Se existem motivos para a América do Sul ficar envergonhada é com arbitragens como esta”.
Assim, aprender a perder é fora de questão. Se a Selecção é derrotada a culpa é do árbitro, que tem que envergonhar-se, juntamente ao seu continente de origem (nada mais, nada menos).

É possível que num rescaldo dum jogo possam sair frases infelizes, mas existe um limite, ditado pela educação, o bom gosto, o fair-play. Até o Madail percebeu…
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